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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Paradigmas, Convergencia e a não-SBGames 2009

Fatos são cruéis.

A chuva quando cai é um fato. Dependendo da situação ela é cruel. Em alguns casos extremos esse pleonasmo ganha algum sentido e se torna uma discreta calamidade. Claro que em outros e em especial segundo pontos de vista mais ou menos com consenso isso se torna uma hipérbole.

O uso de expressões a gosto era muito comum quando se estudava publicidade, digo eu, lá na faculdade do centro do Rio que não se cita nomes. Aqui é apenas uma brincadeira para falar de um evento importante, e que já tem algum tempo, que foi a SBGames 2009, aqui no Rio.

Minha participação, quase como de um observador e esperançoso cidadão do mundo dos games na expectativa de mudanças reais, passou digamos, de modo discreta. Naturalmente que entre os tão iguais discretos trabalhos realizados com êxito houve esse olhar atento de um fantasma que ali passava com outra metade da laranja psíquica (provavelmente um lado esquerdo do cérebro, muito mais cínico) observando detalhes. Detalhes pequenos, detalhes grandes.

O tema do evento foi a Convergência. Apesar de a Convergência ser um assunto antigo e que tenha iniciado provavelmente há 20 mil anos atrás quando os últimos neandertais já trocavam experiência e atritos com um gênero novo e mais metido que havia chegado que eram os sapiens, foi o Jerkins, do MIT, que compilou toda essa mudança e paradigma em um livro. Muito bom, por sinal, que é o Cultura da Convergência, que fala inclusive de jogos digitais. Claro que esse foi o tema do evento.

Claro que nada de convergente foi tocado no evento.

Até porque se a Convergência fosse apenas convidar dois convidados internacionais para falar de assuntos interessantes, mas completamente googlianos, e gerar uma mesa redonda com as celebridades em alta da nossa panelo-indústria que falam as mesmas coisas de sempre, então isso deveria ser uma realidade lá fora. Na verdade, os gringos são mais espertos, até porque eles mesmos nem nos levam a sério, com razão. Olhares atentos e conversas específicas e astutas com perguntas não menos certeiras revelaria isso a um ouvido mais cínico. É preciso ser cínico para encarar a indústria de games brasileira. E político para sobreviver às panelas e conseguir atrair mão de obra que valha. Afinal, a garotada (não importa a idade) pratica dois velhos pilares do desastre: o culto à celebridade e o culto à aristocracia do conhecimento, que leva ao primeiro transformando acadêmicos em celebridades. Ok, é o que temos, mas blerg! Games é mais que isso.

Pelo menos é o que o próprio Jerkins falaria. O ponto em questão é que a convergência envolve literalmente pensar de forma convergente, para criar convergente e gerar algo líquido ao invés de sólido. Isso é um ponto interessante, porque de alguma forma, os marketeiros e criativos pioneiros, agentes catalisadores dos mercados do mundo, já falam ou fazem o caminho do subjetivar e depois do digitalizar ao invés do físico e compreensível há uns 100 anos. Precisa de exemplos.

O velho computador. Migração das funções de um hardware para o software, do software para o intangível global internetês ou ainda do digitalizar o que antes era físico.

Olhares mais espertos dirão que é steampunk o caminho inverso. Steampunk? Um conceito gerado no meio literário que se expandiu para meios midiáticos da cultura pop, como quadrinhos, animes (que estão no outro lado do globo) e filmes, e então, caíram em games, que é um meio conservador e vanguardista por excelência. Isso é convergência. Até porque não se controla o fenômeno. Mas até é simples de se pensar. Se você quer praticar convergência, se a cúpula gestora do evento quisesse praticar isso, teria percebido que é preciso convergir dentro das bases e estruturas do evento. A participação da andorinha Oi não fará verão, menos ainda, as velhas torres de marfim que praticam a ilusão e miragem do movimento aos olhos da “garotada” deslumbrada e afoita por criar ou por puxar o saco.

Convergir vem de dentro, é mudar o pensar para mudar o criar.

É quebrar os paradigmas.

E acima de tudo, descobrir que há paradigmas. Como em Matrix.

Falar nisso, quais das pílulas Neo, você tomará? A vermelha ou a azul.

Abraços!

2 comentários:

Anônimo disse...

li tudo e nao entendi qual foi o problema na sbgames.

Daniel M Mafra disse...

Fico feliz que tenha lido.

Em bom português, o simpósio e seus organizadores passaram batidos pelo tema convergencia, trabalhando na superficilidade em pequenas ações pontuais sem entretanto fazerem um evento de fato convergente e sem tocarem nos assuntos vitais e úteis na prática do pensar e criar convergente.

É isso. Abraços!

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