A Blog about the other side of games.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Dando um Passo Além

Eu sou espírita, "kardecista", dizem. Não que isso vá interferir em alguma coisa nesse texto, na indústria de jogos, na minha atuação em desenvolvimento ou marketing de games. Dizem, a religião tem sua função de uma instituição que transmite valores, a moral de determinado grupo da sociedade. É o que falam sociólogos, antropólogos e outros "logos" que a gente lê ou estuda por aí.

 

Também torcia para o Vasco. É uma coisa meio estranha de se admitir nesses tempos esquisitos, mas já não me importo tanto com futebol há uns bons anos, antes mesmo dessa fase negra do time. Realmente, futebol não me diverte muito, mas sabemos que quando você torce para um time, você sente que pertence à algo maior, se identifica, briga e chora por aquilo. É pura emoção, por algo que no final das contas, é um símbolo, e uma marca. Mas é pura emoção, basta ir a um estádio e comprovar. As pessoas até se matam por isso, literalmente.

 

Também sou partidário de causas ambientalistas. Acredito de fato que no futuro, teremos energias limpas, carros que não poluem, menos vacas destruindo as camadas de ozônio e videogames que possam ser alimentados por energia solar, até em dia de chuva. Chuvinha fina, talvez. Práticas saudáveis ao ar livre, florestas urbanas em cada cidade e alimentação mais equilibrada e natural. É uma crença pessoal.

 

Tenho apenas vinte e poucos anos. Sou jovem, apesar de estar nessa área e dividir aqui minha opinião como um profissional, não dispenso meu lado pessoal. Acredito acima de tudo na troca, mas em um texto honesto, menos técnico. Sou parte de uma geração que cresceu com games, cresceu amando jogar games e com muita vontade de criar os seus próprios. Todos nós temos grandes idéias na gaveta, mesmo aquelas que os game designers ou especialistas acham ridículas. São nossas, são de nosso coração.

 

Todavia muita gente no mundo descobriu um pouco da essência disso tudo. Eles estão criando e promovendo games que são capazes de interferir para melhor na sociedade, na humanidade. São os social games. Uma extensão do conceito de serious games, que são jogos não voltados para a diversão pura como prioridade, os social games são jogos digitais em flash, java, para pc, para consoles ou portáteis cuja a prioridade é transmitir uma mensagem social dentro de um contexto qualquer, tal como um advergame faria para a Coca-cola, ou para uma GM. São jogos que falam de Darfur, que promovam a energia limpa, que falam da situação da Amazônia, ou sobre a questão racial americana ou mesmo jogos que tem em si política e suas ideologias específicas. São jogos sérios, mas não por causa disso, menos divertidos. Diversos institutos, longe do conhecimento e interesse geral de vocês gamers, ou curiosos, tem se dedicado a essas causas. Empresas desenvolvedoras também. E ambos tem ajudado a surgir eventos cada vez maiores. Existe um mundo que descobriu de uma forma barata e acessível, acompanhando à uma tendência geral de discutir e dar mais importância à natureza, à si próprio, à questões ambientais ou até mesmo espirituais (e não religiosas), uma maneira de pouco a pouco, junto a formação de um conceito que games podem ser sim, bem diferentes e originais, de trazer isso à tona, trazer esse fator cultural novo à uma realidade muito maior e mais transcendental, já usando aqui um termo que descreve o trabalho de um amigo, e pesquisador brasileiro nos Estados Unidos, que tem provado e difundido também, pouco a pouco, que os games podem ajudar no crescimento pessoal. Brincar para crescer. Jogar para crescer.

 

Se games representam, friamente, uma parte de um mercado de entretenimento, e como tal, estão encontrando uma nova e ampla característica social que tem permitido ao homem discutir questões humanas, sociais, globais como citado acima, de uma forma livre, então estaremos vendo o encontro de um nicho com um perfil, uma ferramenta tecnológica de diversão com uma nova forma e vontade de dizer e expressar valores e esperanças? Talvez, mas com certeza, algo está começando, aqui, hoje, na sua casa e no resto do globo.

 

Todas as pessoas verdadeiramente felizes amam o que fazem, e algumas pessoas desejam tentar mudar o mundo, para melhor. E não tem vergonha de assumir isso.

 

E você, não gostaria de mudar o mundo?



"Os começos de todas as coisas são pequenos".  

Cícero


Seguidores